15 out Linguagem simples: comunicar para incluir
Linguagem simples: comunicar para incluir

Quando a comunicação é clara, a aprendizagem acontece
Na educação, comunicar bem é tão importante quanto ensinar bem. A forma como falamos, escrevemos e explicamos os conteúdos pode aproximar ou afastar o estudante do conhecimento. É por isso que a linguagem simples tem se consolidado como um instrumento de inclusão e acessibilidade dentro da escola.
Mais do que escolher palavras fáceis, ela representa uma mudança de cultura: o compromisso de tornar a informação compreensível para todos, respeitando diferentes formas de aprender e de se expressar.
Uma escola que fala para todos
A educação inclusiva não depende apenas de rampas, tecnologias ou recursos visuais. Ela começa na forma como nos comunicamos.
Quando usamos expressões muito técnicas, frases longas ou metáforas abstratas, criamos barreiras invisíveis que dificultam a compreensão — especialmente para estudantes com deficiência intelectual, autismo, TDAH, dislexia e outros transtornos de aprendizagem.
A linguagem simples, nesse sentido, não é uma adaptação secundária. É uma estratégia de equidade e pertencimento, que assegura a todos o direito de entender, participar e aprender.
O que é, afinal, linguagem simples?
Falar de linguagem simples não significa empobrecer o conteúdo, mas tornar a mensagem acessível sem perder profundidade. Trata-se de uma forma de comunicação que prioriza clareza, objetividade e estrutura lógica, permitindo que o leitor compreenda a informação com autonomia.
Alguns princípios orientam essa prática:
- Frases curtas e diretas;
- Palavras conhecidas e de uso cotidiano;
- Explicação de siglas, termos técnicos e jargões;
- Uso de exemplos e analogias concretas;
- Uso de elementos visuais (como ícones ou imagens) para apoiar a leitura.
- Textos bem organizados, com títulos e subtítulos que guiam o leitor.
Esses cuidados fazem diferença no dia a dia da escola: uma instrução mais clara, uma avaliação mais compreensível, um texto mais acessível — tudo isso amplia o acesso ao conhecimento.
O poder da linguagem simples na inclusão
A linguagem é um instrumento de mediação. Quando ela é inacessível, transforma-se em barreira. Quando é clara e intencional, vira ponte entre o estudante e o saber.
Veja um exemplo simples:
Em vez de pedir “Descreva os fatores que contribuem para a fotossíntese nas angiospermas”, o professor pode dizer “Explique o que ajuda a planta a fazer a fotossíntese.”
A essência do conteúdo está preservada — mas agora todos conseguem compreender o que se espera da atividade.
Essa prática não reduz o nível de exigência. Pelo contrário: ela amplia o alcance do conhecimento e permite que cada estudante demonstre o que aprendeu sem que a linguagem seja um obstáculo.
Ensinar é, antes de tudo, comunicar
Quando garantimos que a comunicação seja acessível, estamos assegurando um direito básico: o direito à compreensão. Ele deve ser reconhecido como parte do direito à educação. De nada adianta estar na escola se o estudante não entende o que está sendo dito.
Por isso, é essencial investir na formação dos professores, fortalecendo uma cultura que valoriza a linguagem como ferramenta de inclusão. Simplificar exige sensibilidade, domínio do conteúdo e intenção pedagógica. Não é tornar o ensino mais fácil — é torná-lo equitativo.
Para concluir
A linguagem simples é um caminho para construir escolas mais humanas, democráticas e acessíveis. Ela reafirma a ideia de que inclusão não é abrir exceções, é abrir possibilidades. E que, comunicar bem é parte essencial de ensinar bem.
Na Maia, acreditamos que aprender começa pela compreensão.
Por isso, trabalhamos para que a linguagem — em todos os nossos materiais e práticas — seja clara, acessível e significativa.
Quando a comunicação inclui, o aprendizado floresce. E cada estudante pode enxergar o mundo com mais confiança, autonomia e sentido.
Posts recentes

Formação de professores: o primeiro passo para uma escola realmente inclusiva

Desenho Universal para a Aprendizagem: ensinar para todos
